A birra adulta

Outro dia estava observando uma mãe, muito constrangida, tentando acalmar sua filha que deveria ter uns dois anos fazendo a famosa birra na rua. Suas tentativas falharam miseravelmente.

É claro que nessa idade é normal. É a fase de aprendizagem, a qual levamos para a vida. É a fase em que aprendemos a sentir e expressar emoções. Afinal o que é a “birra”? É expressão de um sentimento de frustração que causa tanta angústia que a criança ainda não sabe lidar e expressa da maneira que sabe. Nós como adultos, já sabemos que gritar e chorar no meio da rua não é a maneira mais correta.

 Mas será que somos livres das nossas “birras”? Vamos pensar na definição que coloquei acima. Adultos também tem “birras”. Não somos livres disso. Apenas somos mais sutis.

Qual está sendo a sua? De que forma você vem expressando isso, muitas vezes sem perceber? Quando adultos, geralmente quando não sabemos lidar com algo, o sintoma vem de forma autodestrutiva, ou evitamos ele. Você já reparou nisso? Vem algum exemplo na cabeça?

Fumar um cigarro para se acalmar, encher sua agenda de coisas que você nem ao menos gosta, mas que te faz não pensar em coisas que te chateiam, se afastar de tudo e todos para não ser incomodado, a epidemia do abuso de ansiolíticos, que faz com que muitas vezes ignoramos ou adormecemos esse sentimento tão importante que vem para avisar que algo não está ok, e que existe uma causa.

  Na terapia é possível identificar esse sentimento que muitas vezes nem sabemos nomear, assim como aquela criança de dois anos. Quando entendemos qual nossa grande frustração e o que está causando essa angústia, podemos tentar lidar de uma forma mais saudável. Te convido a pensar sobre isso. Qual é a grande frustração que você sente hoje e qual a forma da sua “birra” em relação a ela?